O texto a seguir foi escrito pela Bia Martins.

As iniciativas de Ciência Cidadã, uma das vertentes do movimento Ciência Aberta, lançam alguns questionamentos de fundo sobre as próprias fronteiras da episteme científica. Entende-se por Ciência Cidadã uma variedade de pesquisas científicas realizadas, no todo ou em parte, por leigos ou amadores. Aí incluem-se as inciativas de crowdScience, como SETI@Home; de inteligência distribuída, como Clickworkers; e ainda os chamados hackerspaces, entre outras.

São iniciativas que, por um lado, desafiam as normas estabelecidas do fazer científico, na medida em que abrem espaço para a atuação de outros atores sociais, não chancelados oficialmente com títulos acadêmicos, como aptos ao trabalho de pesquisa. Por outro, as práticas que elas ensejam podem incluir outros saberes, oriundos de vivências e experiências de pessoas comuns, o que tensiona a noção tradicional de conhecimento científico.

A incorporação de saberes não acadêmicos à pesquisa científica, inaugurando um novo regime de conhecimento, vem sendo estudada pelo professor Antonio Lafuente, pesquisador do Centro de Ciencias Humanas y Sociales, e coordenador do Laboratorio del Procomún do MediaLab Prado, ambos em Madri. Para ele, é preciso alargar a noção de Ciência Aberta para pensar uma Ciência Comum, feita não só de práticas mais abertas de pesquisa, mas construída por todos e entre todos.

Como exemplo desse tipo de saber que vem de fora dos laboratórios credenciados e afirma sua presença no espaço público, Lafuente cita o caso dos pacientes eletrossensíveis, pessoas que apresentam grande sensibilidade às ondas eletromagnéticas presentes no ambiente contemporâneo. Como são uma minoria e seus sintomas não estavam catalogados por estudos médicos, a enfermidade não era reconhecida pelos órgãos oficiais de saúde.

A partir de 1994, com a criação da ONG Associação Sueca para os Eletrossensíveis, a situação mudou de figura. Foi, então, produzido um documento com testemunhos de 350 pessoas afetadas pela enfermidade, que teve grande repercussão midiática. Só aí a doença ganhou visibilidade e, pode-se dizer, passou a existir oficialmente, pois foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde e os afetados passaram a ter direito ao atendimento médico pelo serviço público e à cobertura dos seguros privados.

Muitos outros casos nessa linha podem ser citados como a luta dos afetados pela AIDs ou a síndrome da enfermidade da Guerra do Golfo, por exemplo. Todos representam aspectos da realidade social que não são vistos ou tratados pelas instâncias institucionais, e que só ganham reconhecimento e têm suas demandas atendidas a partir de ações da cidadania. Constituem-se, de fato, em comunidades epistêmicas, isto é, em coletividades que questionam, examinam, analisam e desvendam as particularidades de suas moléstias, trazendo a público novos dados e descobertas, ao mesmo tempo em que reivindicam o atendimento às suas demandas específicas.

Expressam, portanto, outra dimensão da produção de conhecimento, para além dos muros da academia. Um tipo de pesquisa que, como diz Lafuente, prescinde de credenciais: todos podem participar, já que sua matéria-prima é o experencial, que é comum a todos, cientistas e leigos. Pois todos têm sua própria experiência como material consistente para contribuir na construção de uma Ciência Comum, para todos, por todos e entre todos.

Este post é uma brevíssima apresentação do conceito de Ciência Comum, trazido por Antonio Lafuente. Para aprofundamento, sugere-se a leitura do artigo “Modos de ciência: pública, abierta e común”, de Antonio Lafuente e Adolfo Estalella, do e-book Ciência Aberta, Questões Abertas, lançado recentemente.

Fonte: http://tropixel.ubalab.org

Esta semana ocorre em Ubatuba o Tropixel Labs:

Tropixel Labs é a quarta edição do evento que trabalha na fronteira entre arte, ciência, tecnologia e sociedade em Ubatuba/SP. Acontece entre os dias 22 e 24 de outubro, acompanhando a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (…)

Dentre as atividades haverá uma rodada sobre o projeto Ciência Aberta Ubatuba, oficinas de hardware aberto para pesquisa, e debates sobre ‘Educação Aberta’ e ‘Ciência, Tecnologia e Inovação’, além da exibição de filmes da mostra Bio-fiction.

Veja a programação completa no site do encontro.

O Diretório de Periódicos de Acesso Aberto (DOAJ) conta atualmente com mais de cem Editores Associados, que se voluntariam por algumas horas semanalmente auxiliando na triagem de novos cadastros e na atualização de cadastros pré-existentes. Desde 2014, o DOAJ recebeu centenas de pedidos de inscrição de periódicos do mundo inteiro. Devido a essa demanda, o DOAJ está oferecendo posições voluntárias para novos Editores Associados, especialmente aqueles proficientes na língua portuguesa. É necessário ler e escrever em inglês de forma razoável, uma vez que você precisará se comunicar com outros Editores Associados e com Editores Seniores.

logo DOAJ

LANÇAMENTO: o DOAJ está iniciando um programa de fidelização do voluntariado, o qual reconhecerá oficialmente seus Editores Associados! Espera-se que isso facilite a justificativa e autorização de participação junto à sua chefia, e também auxilie no cadastro desses trabalhos técnicos no currículo Lattes do CNPq. O reconhecimento será feito possivelmente com a emissão de certificados e/ou micro-certificação digital, também conhecido como Open Badges. Maiores detalhes sobre o programa de fidelização encontram-se aqui; sobre micro-certificação digital, veja aqui.

certificado
logo Open Badges

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Os dias 19-25 de Outubro constituem a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia desse ano. Nesse período, várias atividades envolvendo ciência e tecnologia acontecem em universidade, centros de pesquisas, …

Inscrições de atividades inda estão abertas aqui. Se você for realizar alguma atividade, mencione-a nos comentários ou escreva um post sobre ela.

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Os dias 19-25 de Outubro constituem a Semana Internacional do Acesso Aberto desse ano. Nesse período, grupos em prol do acesso aberto costumam realizar alguma atividade para divulgação do acesso aberto como, por exemplo, palestras, seminários, messas de discussões, …

Convidamos todos para contribuírem com posts para serem publicados nesse blog durante a Semana do Acesso Aberto. Pedimos que adicionem seus posts nessa página da wiki para que possamos gerenciar a publicação dos posts.

por  Diganta Talukdar em https://www.flickr.com/photos/nagaon/4453432565/in/photostream/

Num artigo recente na PlosONE, um grupo brasileiro aponta para uma transição de fase para um estado de baixo volume, associada à gestão do Sistema Cantareira.

Numa ação interessante, o diretor da SABESP manifestou-se através do próprio sistema de comentários da PlosONE, onde já obteve uma resposta dos autores.

O interessante aqui é como, além de publicarem num periódico de acesso aberto com políticas para publicação de dados e código, na resposta às críticas os autores ainda enfatizam a importância da disponibilidade livre dos dados e do código, e a escolha de softwares livres também na infraestrutura da análise, associando essas características à verificabilidade dessa infraestrutura e reprodutibilidade dos seus resultados.

Por tantos motivos, é muito bom estar ocorrendo esse debate!

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Nos dias 10 e 11 de Setembro irá acontecer na USP um workshop da Software Carpentry no qual será apresentado boas práticas de programação em Python e controle de versão com Git.

Informações detalhadas sobre o workshop e inscrições encontram-se disponíveis em http://rgaiacs.github.io/2015-09-10-usp/.

Ciência Aberta, Questões Abertas - lançamento

Nos dias 19 de agosto (no Rio de Janeiro) e 24 de agosto de 2015 (em São Paulo), ocorrerá o lançamento do livro “Ciência Aberta, questões abertas”, resultado do Seminário Internacional com o mesmo nome, realizado no Rio de Janeiro em agosto de 2014. Locais e horários dos lançamentos serão:

No Rio de Janeiro, dia 19 de agosto das 17:00 às 19:30, no restaurante do CBPF, Rua Lauro Muller 455, Botafogo.

Em São Paulo, dia 24 de agosto das 18:30 às 21:30, na Casa Jaya, Rua Capote Valente 305, próximo ao metrô Clínicas.

A coletânea foi organizada por Sarita Albagli (Ibict), Maria Lucia Maciel (UFRJ) e Alexandre Hannud Abdo (GHC), e editada pelo Ibict e a Unirio.

O livro conta com os seguintes capítulos:

Ciência aberta em questão por Sarita Albagli

Modos de ciencia: pública, abierta y común por Antonio Lafuente e Adolfo Estalella

Ciência aberta: revolução ou continuidade? por Alessandro Delfanti e Nico Pitrelli

O caminho menos trilhado: otimizando para os impactos desconhecidos e inesperados da pesquisa por Cameron Neylon

O que é ciência aberta e colaborativa, e que papéis ela poderia desempenhar no desenvolvimento? por Leslie Chan, Angela Okune e Nanjira Sambuli

Ciência cidadã: modos de participação e ativismo informacional por Henrique Parra

Hardware aberto para ciência aberta no sul global: Diplomacia geek? por Denisa Kera

Ciência aberta: dos hipertextos aos hiperobjetos por Rafael Pezzi

Dados abertos e ciência aberta por Jorge Machado

Educação superior a distância, universidade aberta e ciência cidadã: o desafio das diferenças por Ludmila Guimarães

Por que open notebook science? Uma aproximação às ideias de Jean-Claude Bradley por Anne Clinio

Direções para uma academia contemporânea e aberta por Alexandre Hannud Abdo

O livro digital, em português e em inglês, já está disponível no Portal do Livro Aberto do IBICT. Para baixá-lo:

Ciência Aberta 2015
Ni! Caros colegas,

Encontram-se abertas as chamadas para trabalhos acadêmicos, relatos de experiência e
laboratórios de capacitação (workshops) do terceiro encontro anual Ciência Aberta,
realizado em parceria com a OpenCon 2015.

O evento este ano acontece em São Paulo, entre a ECA-USP e o GHC, nos dias 25 a 28
de Novembro. Serão dois dias de capacitação e dois dias de seminário internacional.

Mais informações e os procedimentos para enviar propostas estão em:

https://www.cienciaaberta.net/encontro2015/

Dúvidas podem ser encaminhadas para o email: ca2015-equipe@googlegroups.com

Um abraço, participem e ajudem a divulgar!

Dr. Alexandre Hannud Abdo
http://cecm.usp.br/~eris/
Dr. Marcos Mucheroni
http://www3.eca.usp.br/cbd/marcos.mucheroni

Imagem: Cristiano Sant'Anna/Divulgação - Fonte: http://www.ebc.com.br/tecnologia/2015/07/ciencia-aberta-movimento-defende-o-conhecimento-cientifico-horizontal-e-cidadao

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) publicou recentemente uma matéria entrevistando participantes do grupo de Ciência Aberta que organizaram atividades no 16º Fórum Mundial Software Livre (Fisl).

Ela inclui depoimentos do Prof. Rafael Pezzi (UFRGS) e entrevista com o Prof. Paulo Meirelles (UnB) sobre a importância da Ciência Aberta na pesquisa e sociedade atuais.

Leia na íntegra e assista aos vídeos em Ciência aberta: movimento defende o conhecimento científico horizontal e cidadão.