Para aqueles que não sabem, a Mozilla não é apenas a desenvolvedora do navegador Firefox mas uma grande fomentadora de inovação na web por meio de vários projetos livres (ou abertos) que lidera ou participa como, por exemplo:
- Persona: um sistema de identificação/autenticação descentralizado,
- Popcorn: uma biblioteca para manipulação de páginas webs baseadas na reprodução de audio e vídeo,
- Big Blue Button: uma plataforma livre para video conferência voltada para o ensino,
- WebMaker: um grupo empenhado em serem facilitadores para que novas pessoas aprendam não só utilizar a web mas
também criá-la.
Há mais de um mês atrás ela oficialmente lançou o Mozilla Science Lab (ver o anúncio em [2], [3] e [4]) que será dirigido por Kaitlin Thaney e terá como líder de projeto Greg Wilson [5]. A seguir espero explicar qual o objetivo da Mozilla e seus parceiros nesse novo projeto.
“A internet foi criada por pesquisadores para acelerar a ciência. Mas aproximadamente 30 anos depois, apenas uma minoria utiliza a internet para algo além da publicação e distribuição. A internet tem alterado fundamentalmente a natureza do comércio, educação, cultura e sociedade civil por meio da comunicação aberta, acesso a informação e inovação em escala global. Mas com poucas exceções, o trabalho científico ainda é feito individualmente e offline.” (Tradução do autor de trecho em [1].)
Embora existam várias iniciativas para auxiliar pesquisadores a utilizar a web e outras ferramentas computacionais (controle de versão e scripts, por exemplo) de forma a serem mais eficiente em suas pesquisas, como é o caso da Software Carpentry, esses pesquisadores continuam trabalhando individualmente e offline. Por esse motivo, “a internet continua uma plataforma para debate e divulgação de resultados, mas não uma ferramenta para conduzir, fortalecer e expandir o trabalhos desses pesquisadores.” (Tradução do autor de trecho em [1].)
Foi identificado quatro fatores que bloqueiam cientistas de utilizarem a internet para mais que debate e divulgação. São elas:
- Habilidade: parte da comunidade científica não é nativa digital nem possuem domínio sobre linguagens de marcação e protocolos presentes na internet.
- Tecnologia: embora tecnologia para a colaboração já exista (agregadores de notícias, wikis, pads, sistemas de controle de versão, …) a maioria requer muito trabalho antes que possa ser utilizada o qual encontra-se fora do alcance dos pesquisadores.
- Prática: os valores de trabalhar de forma aberta e em comunidade conflitam com as normas estabelecidas na academia em torno de originalidade, publicação e atribuição.
- Escala: a falta de modelos e facilitadores, além de conflito entre os poucos existentes inibe o crescimento da ciência aberta.
Os fatores 1 e 2 estão sendo resolvidos a medida que mais pesquisadores aderem a cultura livre e auxiliam seus pares nessa mudança. Os fatores 3 e 4 pretendem ser resolvidos pelo novo projeto da Mozilla ao convidar cientistas respeitados e já engajados com a ciência aberta para juntos guiarem o desenvolvimento de ferramentas, práticas e comunidades em torno de acelerar a ciência utilizando a internet.
Todos são convidados a participarem do Mozilla Science Lab. Atualizações sobre o projeto serão veiculadas no blog da Kaitlin.
Referências
[1] http://software-carpentry.org/blog/2013/07/sloan-proposal-round-2.html
[2] https://blog.mozilla.org/blog/2013/06/14/5992/
[3] http://kaythaney.com/2013/06/14/announcing-the-mozilla-science-lab/
[4] http://software-carpentry.org/blog/2013/06/mozilla-science-lab-announcement.html
[5] https://wiki.mozilla.org/ScienceLab
NotaEste post foi inspirado e baseado em Sloan Foundation Proposal Round 2 e Greg Wilson que foi originalmente publicado em 05/07/2013 no blog da Software Carpentry sob a licença CC-BY.