Atualização em 04/11/2013: Os slides das apresentações encontram-se disponíveis no slideshare.

Nota 1: Este post corresponde a uma tradução do anterior que encontra-se em inglês.

Nota 2: As opiniões presentes neste post não representam o grupo de trabalho em Ciência Aberta como um todo.

Nos dias 6 e 7 de Outubro ocorreu a 4ª CONFOA (Conferência Luso-Brasileira sobre Acesso Aberto) a partir da qual eu gostaria de levantar alguns tópicos para debate.

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Na conferência tivemos várias apresentações sobre acesso aberto, dados abertos, repositórios institucionais, direitos autorais, …, mas eu consigo lembrar de apenas DUAS apresentações cujos slides estava marcados com uma licença aberta:

  • Disponibilidad en acesso aberto de la produccion científica de los países de África lusófona. Martins Fernando Cuambe and Gema Bueno de la Fuente.
  • Cross-Ref, DOI (Digital Object Identifier) e serviços: Estudo comparativo luso-brasileiro. Edilson Damasio.

Então slides é um tipo de conteúdo que não deve ser aberto?

Nas recomendações de Budapest encontramos a definição abaixo para acesso aberto (tradução e destaque pelo autor deste post):

Por “acesso aberto” da literatura científica revisada por pares, nós entendemos que ela encontra-se livremente disponível ao público da internet, permitindo qualquer um lê-lo, baixá-lo, copiá-lo, distribuí-lo imprimí-lo, fazer busca nele, ou criar links para o texto completo desses artigos, utilizá-lo para produção de índices, passá-lo como informação/entrada para um programa de computador (software), ou utilizá-lo para qualquer outro propósito legal, sem barreiras financeiras, legais ou técnicas outras que não inseparáveis da obtenção do acesso da internet. A única restrição para a reprodução e distribuição, e a única regra para o direito autoral neste domínio, de ser dar ao autor o controle sobre a integridade do seu trabalho e o direito de ser adequadamente reconhecido e citado.

No Brasil, muitos chamam de documentos “abertos” aqueles que podemos apenas ler. Na minha opinião, devemos começar a chamar esse tipo de documento apenas de acesso grátis para evitar mal entendidos.

Também no Brasil, as pessoas gostam de utilizar as licenças Creative Commons com a condição de uso não comercial. Pedi ao senhor Marcos Alves de Souza do Ministério da Cultura por uma definição de uso comercial e ele disse que tal não existe. Desta forma e na minha opinição, uma vez que não consiguimos fazer uma diferença clara do que é uso comercial devemos parar de utilizar a condição de uso não comercial das licenças Creative Commons pois o uso dessa restrição apenas atrasa o processo de inovação como foi dito várias vezes na conferência.

Updated in 2013/11/04: Some of the slides are available at slideshare.

Note: The opinion in this post aren’t from the work group in Open Science as a hole.

In 6th and 7th of October happen the 4th CONFOA (Portuguese-Brazilian conference about Open Access) from it I would like to rise three topics to debate.

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The conference have lots of presentations about open access, open data, institutional repository, copyright, …, but I can only remember of TWO presentations that the slides have a free license:

  • Disponibilidad en acesso aberto de la produccion científica de los países de África lusófona. Martins Fernando Cuambe and Gema Bueno de la Fuente.
  • Cross-Ref, DOI (Digital Object Identifier) e serviços: Estudo comparativo luso-brasileiro. Edilson Damasio.

So presentations are one type of content that should NOT be open?

From the Budapest recommendations we have the following definition of open access (boldface from the author of this post):

By “open access” to [peer-reviewed research literature], we mean its free availability on the public internet, permitting any users to read, download, copy, distribute, print, search, or link to the full texts of these articles, crawl them for indexing, pass them as data to software, or use them for any other lawful purpose, without financial, legal, or technical barrier other than those inseparable from gaining access to the internet itself. The only constraint on reproduction and distribution, and the only role for copyright in this domains, should be to give authors control over the integrity of their work and the right to be properly acknowledged and cited.

In Brazil, most of the called “open” documents ONLY permit the reading. In my humble opinion, we must start calling this type of document “free beer” access to avoid misunderstandings.

Here in Brazil, people like to use the Creative Commons licenses with the noncommercial clause. I asked Marcos Alves de Souza from brazilian’s ‘Ministério da Cultura” for a definition of noncommercial use and he say that it doesn’t exist. So in my humble opinion, once we can’t make clear what is noncommercial we should stop using the noncommercial clause of Creative Commons because the use of this clause only slow the innovation as say, many times, in the conference.

Ni!

Ei-los abaixo, finalmente, os vídeos do encontro do grupo de trabalho realizado em junho de 2013!

Um agradecimento coletivo ao Raniere, que cortou, editou e fez os letreiros, à equipe de audiovisual do IFUSP, pela transmissão ao vivo e captura, e ao Thiandré, que nos mostrou como limpar o som ruidoso.

Para uma descrição resumida do que foi o encontro, quem eram os palestrantes e o que cada um apresentou, vejam o post Relato do encontro nacional do grupo de trabalho – dia 7.

Abertura do encontro

Educação aberta

Debora Sebriam (REA-BR)

Tel Amiel (Unicamp)

Debate

Ferramentas científicas abertas

Rafael Pezzi (UFRGS)

Fabio Kon (CCSL/IME-USP)

Daniel Tavares (LNLS)

Acesso aberto

Cameron Neylon (PLOS)

Sueli Ferreira (USP)

Marcos C. Visoli (Embrapa)
A partir dos 33:50 do vídeo anterior (Sueli Ferreira)

Ciência cidadã

Atila Iamarino (Science Blogs Brasil)

Artur Rozestraten (USP)

Eduardo Oda (GHC)

Dados científicos abertos

Henrique Andrade (Wikimedia Foundation)

Jorge Machado (USP)

Ewout ter Haar (USP)

Robson Souza (USP)

Wikipesquisas

Alexandre Hannud Abdo (USP)

Em 07/06/2013, mais de 70 pessoas entre pesquisadores, estudantes, funcionários da universidade e cidadãos interessados compareceram ao Encontro pelo Conhecimento Livre, encontro nacional para divulgar e consolidar a formação do grupo de trabalho em Ciência Aberta, que contou também com cerca de 150 acessos ao vivo pela IPTV da USP, onde foi realizado.

Segue abaixo um relato das apresentações, na sua ordem cronológica. Vídeos de todas as sessões estão disponíveis no post Vídeos do encontro nacional do grupo de trabalho – 2013.

Participantes no intervalo

Educação aberta

Debora Sebriam (REA-BR) falou sobre projetos que testemunham a adoção crescente de Recursos Educacionais Abertos pela sociedade e em instituições de ensino, a formação da comunidade “REA-BR” no Brasil e o trajeto de algumas políticas públicas, inclusive o veto do governador Alckmin, em São Paulo, ao projeto de lei aprovado pela assembléia.

Tel Amiel (Unicamp) abordou a questão mais ampla de Educação Aberta, de experiências diversas de experimentação que ganham visibilidade na atual onda de Cursos Online Massivos (MOOCs).

Ferramentas científicas abertas

Rafael Pezzi (UFRGS) apresentou iniciativas de hardware científico aberto, partindo da sua experiência no Centro de Tecnologia Acadêmica IF-UFRGS que incluem o desenvolvimento de sistemas para monitoramento ambiental.

Fabio Kon (CCSL/IME-USP) abordou a questão de Software Livre científico e como o Centro de Competência em Software Livre da USP tem apoiado projetos e promovido colaborações entre áreas.

Daniel Tavares (LNLS) por videoconferência de Campinas mostrou a iniciativa de hardware aberto do grupo que integra no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron produzindo placas de aquisição de dados de altíssima performance, como ela pode beneficiar outras pesquisas, e sua inspiração e o apoio da iniciativa de open hardware do CERN.

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Acesso aberto

Cameron Neylon (PLOS) falou por videoconferência, de Londres, sobre a experiência da PLOS, uma das maiores revistas de acesso aberto da atualidade, ressaltando seu interesse no potencial de outras formas de abertura da comunicação científica ainda mais radicais e inovadoras.

Sueli Ferreira (USP) comentou sobre o esforço para a criação dos repositórios institucionais com uso de metadados, a importância das instituições assumirem a guarda de sua produção, algumas propostas de mandatos institucionais, como a da FAPESP, e o quanto a colaboração entre as universidades paulistas nesse esforço será vantajosa.

Marcos C. Visoli (Embrapa) relatou iniciativas da Embrapa para estruturar e facilitar o acesso de pesquisadores e produtores a publicações e informações agropecuárias ou associadas à atividade, como também o uso e produção de software livre por essa empresa pública.

Ciência cidadã

Atila Iamarino (Science Blogs Brasil) relatou sua experiência como cientista e blogueiro, o papel que os blogs científicos vem adquirindo na sociedade e sua importância para a comunidade acadêmica, promovendo discussões mais aprofundadas sobre trabalhos científicos, servindo como mais um crivo de relevância, expondo casos de fraude e questionando também fatores políticos e econômicos da ciência.

Artur Rozestraten (USP) apresentou o projeto Arquigrafia, um ambiente interativo para compartilhamento, experiência e diálogo sobre imagens arquitetônicas, com uma extensão móvel. Nele, além do arquivo fotográfico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, que vem ali sendo disponibilizado online, também professores, alunos e entusiastas contribuem com suas coleções particulares ou mesmo imagens tiradas do celular.

Eduardo Oda (GHC) contou sobre os hackerspaces e o Garoa Hacker Clube, seu papel em proporcionar oportunidades de aprendizado sobre ciência e tecnologia para todas as idades, engajar cidadãos em discussões científicas, e convidou todos a frequentarem o espaço.

Dados científicos abertos

Henrique Andrade (Wikimedia Foundation) falou, do Rio de Janeiro por videoconferênca, sobre como são abertos os dados da Wikipédia e os meios técnicos para acesso à base. Por essa abertura, ela tem sido estudada não apenas para entender a própria enciclopédia, mas utilizada para pesquisa científica da linguística à sociologia, economia e biologia.

Jorge Machado (USP) comentou sua experiência em pedir a liberação de dados pelo governo utilizando a Lei de acesso à informação (ou Lei 12.527/2011). Foi dado ênfase no classificação dos periódicos pela CAPES e das informações da plataforma Lattes.

Ewout ter Haar (USP) trouxe a complexa questão do balanço entre dados abertos e privacidade (slides), em particular no caso da ciência, e envolveu todos numa discussão urgente, deixando clara a necessidade de aprofundá-la.

Robson Souza (USP) expôs o progresso do acesso aos dados no campo da biologia molecular e bioinformática, que historicamente investiu em repositórios púbicos de dados que permitiram revolucionar suas práticas e o conhecimento na área.

Wikipesquisas

Alexandre Hannud Abdo (USP) abordou experiências com formas mais integrais de ciência aberta. Duas foram discutidas. Cadernos de pesquisa públicos permitindo a verificação e o aprendizado a partir da trajetória completa de uma pesquisa. E colaborações científicas massivas, de matemática à medicina, que usam blogs e wikis para engajar produtivamente num mesmo problema de pesquisa centenas de pessoas com qualificações diversas, sem distinção de acesso.

Abdo abrindo o encontro

Segundo dia e apoio

O encontro ainda teve um segundo dia, em 08/06, com workshops na Casa Nexo, que relataremos posteriormente.

Foi realizado com apoio da Wikimedia Foundation, Open Knowledge Foundation, vários grupos de pesquisa, o auditório cedido pelo Instituto de Física da USP e divulgação pela Agência de notícias da FAPESP.

Esse relato foi inspirado e recombinou o post no blog do Raniere.

Ver também