Resposta ao jornalista Maurício Tuffani, com relação ao seu artigo opinativo “O Qualis e o silêncio dos pesquisadores brasileiros”.

O questionamento do jornalista Maurício Tuffani é bem-vindo, especialmente considerando taxas pagas com dinheiro público. A maioria dos publishers acusados me parece realmente questionável. Aprecio também o trabalho jornalístico em tentar apresentar e discutir o outro lado da moeda. Permita-me porém complicar um pouco mais a história e introduzir alguns tons de cinza nessa figura deveras preto no branco.

Listas classificatórias não devem ser tratadas como uma panaceia. Devemos nos perguntar como é emitido o veredito afirmando que um periódico é predatório ou não, questionando os acusadores também. Atualmente há uma única lista-negra, mantida por um bibliotecário com auto-declarado desgosto por acesso aberto (mesmo que legitimo e genuino; veja artigo de Beall na revista tripleC). Alguns publishers mais agressivos já foram chamados de predatórios (p.ex., Hindawi) e tiveram as acusações posteriormente removidas pelo próprio Beall, porém não é claro quantos falso-positivos como esse já existiram ou ainda existem. Persistem atualmente nomeações controversas, como a da MDPI, cujos periódicos incluem um patrocinado por uma sociedade científica e outro com revisão por pares aberta na Internet.

A mesma MDPI foi investigada pela Associação de Publishers de Acesso Aberto (OASPA) e teve seu caso dispensado. Também foi alvo da operação infiltrada do correspondente da revista Science e acabou rejeitando o artigo forjado. Por outro lado, a MDPI é notória por defender a publicação de artigos acusados de pseudo-científicismo, além de ser vítima frequente de dúvidas a respeito da participação de nobelistas nos seus comitês editoriais (acusação que infelizmente é passada adiante sem verficação por veículos como a revista Veja). Outros publishers, como a SCIRP, recebem fatores de impacto legítimos da Thomson-Reuters, mas por vezes acabam perdendo-o devido a anomalias nas citações (como no caso dos cinco periódicos brasileiros de medicina em anos anteriores).

Eventualmente a comunidade acadêmica brasileira vai ter que se debruçar e verificar esses periódicos mais de perto um-a-um, e então confirmar/rejeitar a sua inclusão no Qualis, área-a-área. O fato é que o Qualis é uma classificação posterior dos veículos nos quais já foram publicados artigos por autores brasileiros no triênio passado. Ao mesmo tempo que é um direito do contribuinte cobrar um posicionamento dos acadêmicos representantes de área junto à Capes, cabe respeitar o veredito que esses especialistas vierem a tomar com relação a tais periódicos suspeitos.

Agradeço ao jornalista Tuffani pelo escrutínio. Por favor continue com o bom trabalho e a dedicação dispensada. A nossa sociedade necessita de um jornalismo investigativo forte e atuante.

(Auto-transparência com relação a possíveis conflito de interesse: nunca publiquei um artigo nesses periódicos, porém já emiti pareceres na revisão por pares de artigos submetidos para publicação em um deles. Minha motivação nesse post é ver pesquisadores e professores competentes publicando em periódicos decentes tendo sua legitimidade questionada — de forma potencialmente, possivelmente, e provavelmente injusta.)

-Felipe Geremia Nievinski.
PhD em Engenharia Aeroespacial
Pós-doutorando (UNESP)
Professor (IFSC)
http://lattes.cnpq.br/8920245600831468
http://researchgate.net/profile/Felipe_Nievinski
http://publons.com/a/301899

PS: com relação a um mesmo periódico ser alocado em diferentes estratos dentro de diferentes áreas do conhecimento, isso é razoável e até desejável. É uma consequência natural do requisito de classificação, de que cada estrato seja ocupado por um número percentual fixo de periódicos. Assim, as diferentes estratificações refletem áreas do conhecimento mais ou menos competitivas. Simples assim.

PPS: a limpeza do Qualis com relação a periódicos predatórios havia sido mencionada em 2014 na lista do grupo Ciência Aberta. Outras anomalias do Qualis foram mencionadas. Parecem haver anais de eventos incluídos como periódicos (não são falso-positivos como o periódico “Anais da Academia Brasileira de Ciências”), veja a área Interdisciplinar do Qualis. Além disso, será que mega journals (com baixa seletividade) como PLOS ONE merecem atenção especial? Por último, a metodologia de classificação difere de área para área; algumas são mais subjetivas (predominantemente humanas e sociais), outras mais objetivas (talvez a da área da Ciência da Computação seja a mais rigorosa, pois normaliza as suas sub-áreas internamente, para que, p.ex., periódicos teóricos não dominem sobre periódicos experimentais).

College library
Fotografia de Paul Stainthorp licenciada sob CC-BY e disponível em https://www.flickr.com/photos/pstainthorp/7457308888.

No dia 12 de Março é o Dia do Bibliotecário e o Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (SIBiUSP) estará promovendo um encontro comemorativo no Auditório Carolina Bori localizado no Instituto de Psicologia da USP das 14:00 às 17:00.

O encontro contará com uma breve palestra de

  • Prof. Dr. Murilo Bastos da Cunha – UnB
  • Prof. Dr. Demi Getschko – NIC.br
  • Profa. Dra. Kelly Rosa Braghetto – IME US
  • Raniere Gaia Costa da Silva – UNICAMP

que posteriormente participaram de uma mesa redonda mediada pela Profa. Dra. Regina Melo Silveira, EP USP, sob o tema “Semeando na Nuvem – A biblioteca, a inovação e a produção de conhecimento”.

Existem várias propostas interessantes que podem ser levadas para essa mesa redonda como, por exemplo, o uso de wikis como plataforma para relatórios/dissertações/teses/… que foi levantado pelo Leandro Andrade na lista de email. Se alguém desejar que eu leve alguma questão para o encontro pode utilizar os comentários desse blog, enviar um email para a lista ou entrar em contato direto comigo.

Essa tradução foi preparada em Markdown e convertida para HTML utilizando o Pandoc. Melhorias podem podem ser indicadas nos comentários.


O risco do acesso aberto ficar atrelado às editoras comerciais existentes – a necessidade de um sistema global de publicações acadêmicas de acesso aberto não comercial

Notas

  1. O texto aqui presente é uma tradução de

    Babini D. The risk of open access becoming integrated into existing commercial publishing – the need of a global system of noncommercial open access scholarly communications. Rev Eletron de Comun Inf Inov Saúde [Internet]. out-dez 2014; 8(4):438-442.

    Disponível em: http://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/982.en

    Submetido: 24.nov.2014 | Aceito: 27.nov.2014 | Publicado: 19.dez.2014

    Conflito de interesses: não há.

    Fontes de financiamento: não houve.

    Licença: CC BY-NC atribuição não comercial. Com essa licença é permitido acessar, baixar (download), copiar, imprimir, compartilhar, reutilizar e distribuir os artigos, desde que para uso não comercial e com a citação da fonte, conferindo os devidos créditos de autoria. Nesses casos, nenhuma permissão é necessária por parte dos autores ou dos editores.

  2. O texto original foi baseado na apresentação Open Access Scholarly Publishers Association-OASPA’s 6th Conference on Open Access Scholarly Publishing (COASP), UNESCO, September 2014. http://river-valley.zeeba.tv/apcs-the-new-enclosure-to-knowledge/

Resumo

Na Europa e nos Estados Unidos, as publicações acadêmicas têm sido terceirizadas, e um dos negócios mais lucrativos nesse cenário foi criado pelas principais editoras acadêmicas comerciais internacionais que, hoje, se oferecem para cuidar do acesso aberto, construindo uma nova área para o conhecimento fechada ao países do Sul. Assim, desviam a atenção de governos, de agências de financiamento e da comunidade acadêmica, no Norte e no Sul, no que se refere à necessidade de construir um ecossistema mundial baseado em plataformas de publicação e repositórios de acesso aberto não comercial institucionais, nacionais e internacionais, compartilhados e com interoperabilidade. Se quisermos que as vozes dos países do Sul tenham mais participação e impacto nos debates globais sobre questões que nos preocupam, a comunidade acadêmica global deverá cuidar das publicações acadêmicas de acesso aberto, inclusive dos sistemas de revisão por pares, de controle de qualidade e de indicadores para avaliação.

Palavras-chave: Publicações acadêmicas; Acesso aberto; Repositórios; Periódicos científicos; Avaliação de pesquisas; Taxas para publicação de artigos 

Artigo

temos que fazer uma série de decisões a todo momento …
temos que pensar sobre quem está sendo incluído e quem está sendo excluído …
… o que parece aberto para nós hoje, precisamos nos perguntar … isso será visto como aberto amanhã?

John Willinsky1

Várias décadas atrás, a comunidade acadêmica na Europa e nos Estados Unidos da América terceirizou a comunicação acadêmica e um dos negócios mais lucrativos2 foi construído pelas principais editoras internacionais acadêmicas comerciais. Com margens de lucro de 30-40%3, principalmente devido ao fato dos salários dos autores, revisores e muitas vezes do comiter editorial ser pago, diretamente ou através da exoneração de taxas4, por meio de recursos públicos e outros recursos de pesquisa. Editoras comerciais acadêmicas tem cuidado da comunicação acadêmica fechada, cuidado para que apenas os "melhores" periódicos, definidos nos seus próprios termos, sejam incluídos nos índices de avaliações científicos5678, e assim perpetuando o círculo vicioso onde as vozes do Sul, sobre problemas de interesse de grande parte da população mundial, tem pouca possibilidade e ser ouvido, lido, utilizado, quando realizado novas pesquisas e debates problemas prioritários para um mundo sustentável.

Agora, editoras comerciais oferecem-se para cuidar do acesso aberto, cobrando uma taxa de processamento por artigo (TPA ou, em inglês, APC) média de USD 2.097/2.727 por artigo para que esse seja publicado em acesso aberto9, buscando assim reproduzir o modelo anterior de preços irracionais10, transformando o acesso aberto de forma a ele funcionar aos seus próprios objetivos11, criando uma nova barreira ao conhecimento do Sul12. Em um contexto internacional onde apenas 30% dos periódicos cobram TPA’s13, é preocupante ver o avanço do modelo baseado na cobrança de taxa de processamento por artigo como o melhor caminho para a publicação em acesso aberto, mesmo que com preços inferiores que os das editoras comerciais, pois distraí governos, agências de financiamento e a comunidade acadêmica, tanto do Norte como do Sul, da necessidade de construir um ecossistema global para o acesso aberto baseado no compartilhamento e interoperabilidade institucional não comercial para repositórios digitais de acesso aberto14 e plataformas de publicação nacionais e internacionais que não cobrem os usuários e nem os autores/instituições. Isso irá permitir atingir o objetivo do International Council for Science-ICSU para o acesso aberto15:

O registro científico deve ser:

  • livre de barreiras financeiras para que qualquer pesquisador possa contribuir com;
  • livre de barreiras financeiras para que qualquer usuário tenha acesso imediato as publicações; …

O acesso ao conhecimento é um direito humano. A internet, a Web e novas tecnologias informacionais e de comunicação permitem que cada momento mais oportunidades para regiões em desenvolvimento contribuírem em conversas locais/regionais como também globais. Essas contribuições precisam passar por um controle de qualidade e aparecerem em indicadores de avaliação, independente de serem publicados em inglês na América do Norte ou serem publicados em línguas locais por editoras independentes locais/regionais. Entender o conhecimento como algum comum16 está nos ajudando a pensar em maneiras como podemos gerenciar o acesso aberto também como algo comum. A comunidade acadêmica global precisa ter o controle do processo de revisão por pares e do sistema de indicadores de avaliação. Repositórios de acesso aberto e portais de periódicos gerenciados como iniciativas colaborativas entre universidades e outras organizações de pesquisa em regiões em desenvolvimento17 indicam claramente que uma abordagem base-topo pode servir muito bem a políticas de acesso aberto sendo emitidas por governos e agências de financiamento18. Implementar o acesso aberto em cada país consiste em investir no desenvolvimento de repositórios de acesso aberto e infraestrutura de publicação, adoção de políticas de acesso aberto, programas educacionais e promoção do acesso aberto19.

Se quisermos que vozes do Sul tenha mais participação e impacto em conversas globais sobre problemas de interesse com para todos, a comunidade acadêmica global deve cuidar do modelo de acesso aberto para a comunicação acadêmica.

Se a comunidade científica deseja garantir que um regime de acesso aberto que melhor satisfaça suas necessidades seja instaurado ela deveria urgentemente abraçar o acesso aberto hoje, e sob os seus próprios termos. Se ela esperar até que o acesso aberto seja confiável é provável que terá que aceitá-lo de uma maneira muito menos prazerosa. Faça hoje ou arrependa-se confortavelmente.

Richard Poynder20


  1. John Willinsky na Conference Opening Science to Meet Future Challenges [streaming video]. [Warsaw, Poland]: 11 Março 2014. [citado em 2014 Novembro 22]. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jODzw_5q7EU

  2. Monbiot, G. Academic publishers make Murdoch look like a socialist. The Guardian [Internet]. 29 August 2011 [cited 2014 November 22]; Available from: http://www.theguardian.com/commentisfree/2011/aug/29/academic-publishers-murdoch-socialist

  3. Taylor, M. The obscene profits of commercial scholarly publishers. 2012 Jan 13 [cited 2014 Nov 22]. In: Saurapod Vertebra Picture of the Week [Internet blog]. [Place unknown]: Available from: http://svpow.com/2012/01/13/the-obscene-profits-of-commercial-scholarly-publishers/

  4. Shieber, S. Public underwriting of research and open access. 2014 Apr 4 [cited 2014 Nov 22]. In: The Occasional Pamphlet on Scholarly Communications [Internet blog]. Cambridge, Mass. Available from: http://blogs.law.harvard.edu/pamphlet/

  5. Vessuri H, Guédon J-C, Cetto A M. Excellence or quality? Impact of the current competition regime on science and scientific publishing in Latin America and its implications for development. Current Sociology. 2014 September; 62: 647-665.

  6. Chan L, Kirsop B, Arunachalam S. Towards Open and Equitable Access to Research and Knowledge for Development. PLoS Med 2011; 8(3). Available from: http://www.plosmedicine.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pmed.1001016

  7. Chan L, Gray E. Centering the Knowledge Peripheries through Open Access: Implications for Future Research and Discourse on Knowledge for Development. In: Open development : networked innovations in international development / edited by Matthew L. Smith, and Katherine M.A. Reilly. Cambridge, MIT Press, 2013 [cited 2014 Nov 22]. Available from: https://tspace.library.utoronto.ca/bitstream/1807/44099/1/Chan%26Gray_Open%20Development.pdf

  8. Czerniewicz L. Inequitable power dynamics of global knowledge production and exchange must be confronted head on. 2013 Apr 29 [cited 2014 Nov 22]. In: The impact blog [Internet]. London: London School of Economics-LSE. Available from: http://blogs.lse.ac.uk/impactofsocialsciences/2013/04/29/redrawing-the-map-from-access-to-participation/

  9. Björk B-C, Solomon D. Developing an effective market for open access article processing charges. Final report. (2014). Espoo, Finland and Michigan, USA; 2014 [cited 2014 Nov 22]. Available from: http://www.wellcome.ac.uk/About-us/Policy/Spotlight-issues/Open-access/Guides/WTP054773.htm

  10. Willinsky J. The replicability of research´s irrational publishing economy. 2014 Nov 20 [cited 2014 Nov 22]. In: Slaw Canada´s online legal magazine [Internet blog]. Available from: http://www.slaw.ca/2014/11/20/the-replicability-of-researchs-irrational-publishing-economy/

  11. Rentier B. The success of Open Access is revealing new dangers. The fight isn´t over yet. 2014 Oct 25 [cited 2014 Nov 22]. In: Ouvertures immédiates [Internet blog]. Belgium. Available from: https://bernardrentier.wordpress.com/2014/10/25/the-success-of-open-access-is-revealing-newdangers-the-fight-isnt-over-yet/

  12. Babini D. APC´s – a new enclosure to knowledge. At: COASP – 6th Conference on Open Access Scholarly Publishing. [streaming video]. [UNESCO,Paris, France]: 2014 Sept 19 [cited 2014 Nov 22]. Disponível em: http://river-valley.zeeba.tv/apcs-the-new-enclosure-to-knowledge/

  13. Directory of Open Access Journals [Internet]. Lund, Sweden: the Directory of Open Access Journals; [cited 2014 Nov 22]. Available from: www.doaj.org

  14.   Open access digital repositories are registered in http://www.doar.org.

  15. International Council for Science-ICSU. Open access to scientific data and literature and the assessment of research by metrics. 2014 [cited 2014 Nov 22]. Available from: http://www.icsu.org/general-assembly/news/ICSU%20Report%20on%20Open%20Access.pdf

  16. Hess Ch, Ostrom E, editors. Understanding knowledge as a commons: From theory to practice. Cambridge: MIT Press; 2006 [cited 2014 Nov 22]. 382 p.

  17.   Examples of non-commercial open access regional journal portals in developing regions are SciELO and Redalyc (Latin America), AJOL and Scielo SA (Africa). Several universities run collections of their own open access journals, examples of universities with more than a hundred journals in their collection: the National Autonomous University of Mexico (UNAM), the University of Sao Paulo (Brazil), and the University of Chile. In recent years main research universities from developing regions have started developing, or planning, institutional open access digital repositories, which interoperate with national and regional systems of digital repositories, as is the case of 9 countries of Latin America in La Referencia, member of COAR-Confederation of Open Access Repositories.

  18.   Examples in Latin America: Peru and Argentina have passed in Congress in 2013 national legislation requiring open access repositories for publicly-funded research, Mexico in 2014, and still in Congress in Brazil and Venezuela. World national and institutional open access policies are registered in http://roarmap.eprints.org/

  19. Swan A, Willmers M and King T. Opening access to Southern African research: recommendations for university managers. SCAP (Scholarly Communication in Africa project). 2014 [cited 2014 Nov 22]. Available from: http://openuct.uct.ac.za/sites/default/files/media/SCAP_Brief_4_Swan_et_al_Opening_Access.pdf

  20. Poynder R. The State of Open Access. 2014 Mar 21 [cited 2014 Nov 22]. In: Open and Shut [Internet blog]. England. Available from: http://poynder.blogspot.co.uk/2014/03/the-state-ofopen-access.html

Neste mês aconteceu em Washington D.C. a OpenCon 2014, conferência sobre ciência aberta com foco em publicação, dados e educação, que se destaca por buscar reunir pesquisadores jovens e com representatividade de todas as regiões do planeta.

A colega Renata Aquino, pesquisadora na Federal do Ceará, esteve lá e escreveu um post de blog muito interessante, com inúmeros links para apresentações e outros ponteiros da conferência!

OpenCon2014

… Além destas experiências, pude apresentar um pouco da pesquisa desenvolvida sobre redes sociais científicas e educação e a apresentação pode ser vista em http://j.mp/opencon2014 e um registro em http://opencon2014.org/blog/opencon-project-presentations-round e em vídeo. …

Ler o post completo.

Abraços,

Ni!

Esse sábado, 08 de novembro, será realizado na UNICAMP um sprint voltado ao OpenLattes/ScriptLattes como previamente anunciado.

Como Participar

Estaremos utilizando o espaço do NIED na UNICAMP e os interessados apenas precisam comparecer no NIED a partir das 9:00. Para quem não conhece o NIED, ele fica de frente para a Praça da Paz e do Restaurante Del Sol (ver OpenStreeMap).

Esperamos ter suporte a vídeo conferência para possibilitar a participação remota de quem desejar mas já podermos confirmar no início das atividades. Fique atento aos comentários deste post.

Para quem não mora em Campinas e quiser participar, você pode tentar combinar uma carona na nossa lista.

Projetos Propostos

Temos vários projetos propostos tanto para o OpenLattes como para ScriptLattes. Fique a vontade para adicionar novas propostas.

Maiores informações

Se precisar de maiores informações você pode utilizar os comentários desse post.

Na semana passada, de 20 a 26 de Outubro de 2014, ocorreu a Semana do Acesso Aberto ou Open Access Week. Esse post é uma revisão do que ocorreu nessa semana.

Abertura da Semana do Acesso Aberto

A Semana do Acesso Aberto foi oficialmente iniciada com algumas palestras no Banco Mundial que foi transmitido ao vivo (e espero que seja disponibilizado em breve).

Open Access Button

O Open Access Button ganhou uma nova versão. Para quem não sabe, o Open Access Button é uma extensão disponível para os navegadores web que permite o usuário marcar um artigo científico como indisponível devido a barreiras financeiras.

OKF Internacional

A OKF publicou uma série de blog posts especiais durante a semana, destancando-se:

BioMed Central

A BioMed Central também publicou uma série de blog posts especiais durante a semana. Vários dos posts falavam sobre jovens pesquisadores como a Renata Aquino Ribeiro.

Financiamento do Right to Research

Parece que acabou não sendo divulgado na nossa comunidade mas o Right to Research ofereceu auxílio financeiro para aqueles que quisessem realizar algum evento durante a Semana do Acesso Aberto.

OpenCon

Um outro evento relacionado com Acesso Aberto que ainda vai ocorrer esse ano é a OpenCon que contará com transmissão ao vivo.

Preparando-se para 2015

E assim vamos chegando ao fim de 2014. Aqueles que já estiverem começando suas listas com as resoluções para 2015 adicione "Organizar algo na Open Access Week 2015". Estamos aqui para lhe ajudar nessa tarefa e vamos tentar não esquecer de anunciar possibilidades de financiamento caso queira realizar um evento.

“Acesso aberto” à literatura científica revisada por pares significa a disponibilidade livre na Internet, permitindo a qualquer usuário ler, fazer download, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar o texto integral desses artigos, recolhe-los para indexação, introduzi-los como dados em software, ou usá-los para outro qualquer fim legal, sem barreiras financeiras, legais ou técnicas que não sejam inseparáveis ao próprio acesso a uma conexão à Internet. As únicas restrições de reprodução ou distribuição e o único papel para o direito autoral neste domínio é dar aos autores o controle sobre a integridade do seu trabalho e o direito de ser devidamente reconhecido e citado

O Projeto “ma plataforma de informação sobre as políticas e práticas editoriais mais recomendadas para publicações acadêmicas que atendam aos padrões de Acesso Aberto (Open Access em inglês) na América Latina. É um projeto da ONG d(Colômbia).

Equipo de trabajo

O Projeto desenvolve algumas ferramentas, entre elas, o

Regardons la finesse de mousseline choisie et les détails d’ornement exquis, il n’y a aucun doute que vous tombez amoureuse avec notre robe de cocktail en mousseline de soie.

 

 

 

 

A editora Nature informou recentemente que, em outubro, seu periódico Nature Communications se tornará de acesso aberto “puro”: todos os artigos publicados a partir de então poderão ser lidos e reutilizados gratuitamente (a princípio eles entrarão no ar sob uma licença Creative Commons-BY, que permite praticamente todo tipo de uso e reuso). Até hoje o periódico era híbrido, publicando em acesso aberto ou fechado de acordo com a opção do autor, mas agora ele será exclusivamente de acesso aberto. O grupo que publica a revista Science também já possuía um periódico de acesso aberto “puro”, o Science Advances — mas parte dos artigos eram publicados sob a licença CC-NC, que impede usos comerciais.

Pronto: os maiores bastiões da publicação científica tradicional dão sinais claros de apoiar o avanço do acesso aberto. Será que já podemos estourar as champanhes? É evidente que a notícia tem aspectos positivos: vidas poderão ser salvas em países pobres, quando médicos, por exemplo, tiverem acesso às informações científicas mais atualizadas — informações que antes estavam fechadas atrás de um paywall intransponível para a maioria do terceiro mundo. Os trabalhos publicados sob acesso aberto tendem a alcançar mais visibilidade, e isso pode beneficiar a pesquisa de países como o Brasil.

O quadro, no entanto, é mais complexo do que parece. Nesses dois casos, Nature e Science adotam um modelo específico de acesso aberto: o chamado “modelo ouro”, em que os custos da publicação são cobertos por uma taxa cobrada dos autores dos artigos aprovados (o article processing charge, ou APC); o acesso aos artigos é aberto para leitores e usuários, mas o acesso a esse espaço de publicação é fechado aos autores que puderem pagar a cobrança. No caso do Nature Communications, essa cobrança é de US$ 5000 por artigo, uma das mais altas em qualquer periódico existente (em 2010, a maior registrada era de US$ 3900 — segundo o levantamento de um artigo… em acesso fechado).

Essa cobrança equivale a quase dois meses de salário líquido de um professor brasileiro nas melhores carreiras de universidades públicas (as de dedicação exclusiva). Quem aí topa pagar 15% de sua renda anual para publicar um artigo? A Nature informou que dispensará o pagamento da taxa para pesquisadores de uma lista de países mais pobres (mas que não inclui Brasil, China, Índia, Paquistão e Líbia, entre outros), e também para outros numa análise “caso a caso” — mas sem dar mais nenhuma informação objetiva sobre essa política. (Palpito que é melhor não apostar numa generosidade desbragada da editora que cobra US$ 32 para quem quer ler um único artigo, ou US$ 18 para ler uma única seção de cartas [!] das suas revistas.)

Por outro lado, a tendência mundial é que as instituições às quais os pesquisadores estão vinculados (a universidade em que ele trabalha, ou a agência de fomento à pesquisa que financia sua pesquisa) arquem com parte dessas cobranças, em parte pelo valor que atribuem à publicação em periódicos de alto impacto. A Fapesp, por exemplo, oferece um apoio específico para pagar essas taxas, e também autoriza que elas sejam pagas com a chamada “reserva técnica” de bolsas e apoios a projetos de pesquisa. Ocorre, porém, que a verba disponível para esses auxílios é limitada, e em geral eles não são dados automaticamente; no exemplo da Fapesp, os pesquisadores concorrem entre si pela verba, e um dos principais critérios de avaliação é — como em quase toda a burocracia acadêmica hoje — o histórico de publicações do autor:

Critérios de análise […]

a) Histórico Acadêmico do Solicitante

a.1) Qualidade e regularidade da produção científica e/ou tecnológica. Elementos importantes para essa análise são: lista de publicações em periódicos com seletiva política editorial; livros ou capítulos de livros […]

Ou seja, o pagamento pelas instituições tem boas chances de alimentar uma espécie de espiral viciosa, em que pesquisadores que já publicam em grandes revistas conseguem mais dinheiro e mais chances de publicar, e os demais não.

O avanço do acesso aberto pela via do modelo ouro ainda envolve outro risco: a proliferação das chamadas editoras predatórias. Trata-se de editoras que fazem da publicação em acesso aberto (com pagamento por autores) um negócio em que o lucro é maximizado por meio da redução drástica dos padrões de qualidade exigidos na revisão por pares — ou mesmo pela virtual eliminação da revisão: se pagar, publica-se. Por um lado, esse modelo satisfaz as cobranças de produtivismo sobre pesquisadores (cujas carreiras são avaliadas pelo crivo do lema publicar ou perecer); por outro, ele explora o fato de que, no modelo ouro, é possível tornar o ato da publicação em uma mercadoria, a ser vendida a esses pesquisadores, e com isso obter altas taxas de lucro — mesmo sem recorrer ao monopólio baseado em propriedade intelectual, que era a chave do poder econômico das editoras científicas tradicionais com publicações “fechadas”. O uso de uma lógica estritamente mercantil resulta, aqui, na poluição e degradação do acervo de conhecimento científico da humanidade, pois o central para as editoras predatórias é a maximização de lucro: a qualidade dos artigos é irrelevante, ou apenas um fator secundário.

Evidentemente, não quero com isso dizer que a Nature tornou-se uma editora predatória; mas acredito que exista o risco de uma lenta corrupção do processo de revisão (para garantir mais lucros com publicações) em editoras sérias mas com menos poder de mercado, assim como o risco da multiplicação de periódicos fajutos, que fazem uma revisão por pares apenas de fachada. Nesse último caso, infelizmente não se trata de um risco hipotético: esse “modelo de negócio” escuso já é adotado em centenas de periódicos.

Mas será que então estamos num beco sem saída quanto a esse problema da mercantilização da publicação científica? Ele estará presente seja nos periódicos fechados, seja nos de acesso aberto? Não necessariamente: mesmo no interior do modelo ouro, há iniciativas positivas nesse sentido — é o caso da Public Library of Science (PLOS), uma editora em acesso aberto que cobra pela publicação, mas funciona sem finalidades de lucro; por conta disso, ela não tem motivos para eliminar critérios de qualidade na seleção de artigos com vistas a obter mais com a cobrança por publicação. Talvez isso também explique o fato de ela possuir uma política de isenção de taxas para pesquisadores pobres (ou de países pobres) mais transparente e com cobertura mais ampla do que a da Nature. E vale lembrar, por fim, que o modelo ouro não é o único modelo existente para a publicação em acesso aberto: a principal alternativa é o modelo verde, baseado em repositórios institucionais. Esse modelo impõe uma série de desafios de coordenação e de custeio, mas a tendência é que nele a publicação deixe de seguir uma lógica estritamente mercantil, e siga um modelo mais próximo dos interesses comuns da sociedade e da comunidade acadêmica; ele não é propriamente um substituto do modelo ouro (até porque a princípio ele não é pensado para custear a revisão por pares), mas é importante juntar esforços para fortalecê-lo, evitando que o modelo ouro torne-se a única via para o acesso aberto.

(Os comentários que fiz aqui estão diretamente relacionados à minha tese de doutorado sobre bens comuns e mercantilização, onde esses assuntos são explorados com um pouco mais de detalhe — principalmente na introdução e no capítulo 4, pp. 17-20 e 272-88. Este post nasceu de um debate na lista do Grupo de Trabalho Ciência Aberta.)

Fonte: LA Referencia
Em 20 de maio de 2014, Foi promulgada no México alterações e aditamentos à Lei Ciência e Tecnologia, a Lei Geral de Educação e à Lei Orgânica do Conselho de Ciência e Tecnologia.

O príncipio é simples: o conhecimento que foi gerado com recursos públicos, também vai ser acessível ao público. […] Se criará o Repositório Nacional De Acesso Aberto a Recursos de Informação Científica, Tecnológica e de Inovação, Qualidade e Interesse Social e Cultural, que estará disponível a toda a Sociedade“, Afirmou o Presidente do México, Enrique Peña Nieto.

Confira o Vídeo do Anuncio:

Acesso Aberto e Ciência Aberta são parte dos princícios essenciais para a criação e compartilhamento de conhecimento. Com o objetivo de apoiar, integrar, fortalecer e facilitar a adoção e implementação de tais conceitos entre os pesquisadores da União Européia, 25 integrantes de 13 instituições que formam o consórcio FOSTER (Facilitate Open Science Training for European research), iniciaram um projeto de dois anos para promover o conhecimento e as práticas de Open Access, Open Datas e Open Science na União Européia.

Para acompanharem os próximos desenvolvimentos do projeto podem seguir a informação via:

Twitter: @fosterscience

Hashtag: #fosteropenscience

Facebook Page: https://facebook.com/fosteropenscience

Site: http://www.fosteropenscience.eu